Comerciante cria time de futsal para ajudar o filho com síndrome de Down
Divulgação / Supera T21

Esporte

Comerciante cria time de futsal para ajudar o filho com síndrome de Down

Publicado em 21/02/2022 23h14

Praticar esporte eleva a qualidade de vida do ser humano. E, na pandemia, muitos brasileiros tiveram que abrir mão das atividades físicas em prol da sua segurança e dos que lhes cercam, resultando em ociosidade e sedentarismo, o que pode ocasionar problemas de saúde. Isso foi um dos motivos que levaram Maria Betânia Santiago, comerciante na zona rural do município de Queimadas, no interior da Paraíba, a desenvolver um projeto inédito na Região Nordeste. Ela é idealizadora do Supera T21, time de futsal formado por pessoas com trissomia 21, ou simplesmente síndrome de Down.

Maria Betânia explica que tudo começou em 2021, já durante a pandemia da Covid-19. Comerciante, a paraibana costumava levar o seu filho, João Guilherme, de 21 anos, para a sua loja. No entanto, aos poucos, ela foi percebendo que aquela rotina deixava o garoto ocioso, fato que aumentou demais a sua angústia. Foi a partir daí que ela procurou apoio.

— Eu tenho um filho com síndrome de Down. Ele tem 21 anos. Na pandemia, ele acabou ficando muito ocioso. Eu costumo levá-lo para a loja, mas fui percebendo que só aquilo não faria bem a ele, que ele ficava muito parado. Aí eu pedi ajuda num grupo com pais de pessoas com essa condição. Foi dessa maneira que eu conheci uma pessoa que conduz um projeto em Campinas, de uma equipe de futebol para pessoas com a síndrome. Então, eu me uni a vários pais para lançarmos aqui em Queimadas — disse a mãe de João Guilherme.

Foi tudo muito rápido; apenas 20 dias para ser mais preciso. Foi assim que, em novembro do ano passado, nasceu o Supera T21 Futsal. O nome é referente à trissomia 21, nome científico da síndrome de Down, que acontece justamente pela presença de três cromossomos 21 nas células do indivíduo, totalizando 47 cromosssomos e não 46, como na maioria da população.

Desde então, o projeto vai tomando forma, mas ainda são poucos os jogadores da equipe de futsal. Maria Betânia conta que não há limite de idade para a equipe, recebendo crianças a partir de seis anos até adultos que queiram estar nas quatro linhas. Para ingressar no Supera T21, o atleta ou a atleta com síndrome de Down só precisa mesmo ter fôlego para participar dos treinamentos.

— No total, temos 10 jogadores inscritos, mas treinando estão duas meninas e cinco rapazes. A partir dos seis anos, a gente recebe crianças. Mas, futuramente, quando tivermos um local para treinar, queremos receber ainda mais crianças e jovens. A minha ideia é acolher pessoas de outras cidades também — afirmou.

Supera T21 Futsal – Foto: Divulgação / Supera T21

Apesar da boa vontade, nada é fácil, como para a maioria das pessoas que buscam crescimento através do esporte. Infelizmente, o time de futsal não possui uma quadra para treinar e tem atuado num campo society (de grama artificial) graças à disponibilidade de um comerciante do município de Queimadas. Além disso, o Supera T21 não possui um educador físico fixo, dependendo de um trabalho humanitário de voluntários.

— Infelizmente, atualmente, o projeto não possui quadra nem mesmo um professor da área de Educação Física. Ele existe pela força de pais que querem ver os seus filhos praticando esporte e também de voluntários que ajudam nesse desenvolvimento. Os meninos estão treinando numa arena de futebol society disponibilizada pelo proprietário. Mas gostaríamos mesmo é que eles jogassem numa quadra de futsal — lamenta Maria Betânia Santiago.

Sem quadra para jogar, a garotada tem treinado num campo society em Queimadas — Foto: Divulgação / Supera T21

Mesmo com dificuldade, acompanhar o crescimento dos jovens paraibanos de Queimadas é algo que rende muita satisfação. Para Maria Betânia, também é muito gratificante. Ela ressalta o quão carinhosas são as pessoas com síndrome de Down e como elas vão se apaixonando pela modalidade que é uma paixão nacional. Quando vemos os meninos treinando, o amor que eles têm pela atividade, é tudo muito bonito. Porque eles já são amorosos por natureza.— Maria Betânia Santiago.

Os resultados já são vistos no dia a dia, seja dentro ou fora de campo. Como o caso do próprio João Guilherme, que é filho da comerciante idealizadora da equipe e também um atleta importante para o Supera T21.

Como tudo ainda está numa etapa inicial, o Supera T21 ainda não disputa competições, nem mesmo tem um calendário traçado para isso. Contudo, a missão é desenvolver o projeto, fazer com que mais pais ou responsáveis conheçam o time, inscrevam os seus jovens e, quem sabe, num futuro próximo, a equipe consiga erguer troféus. O golaço já foi marcado, porque a semente foi plantada.

  • Fonte: Ge.globo.com
    Fotografia: Divulgação / Supera T21