TSE torna Jair Bolsonaro inelegível por oito anos
Reprodução

Política

TSE torna Jair Bolsonaro inelegível por oito anos

Publicado em 30/06/2023 17h24

O ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) à inelegibilidade por oito anos, com uma votação de 5 a 2. Essa decisão impede que ele participe de eleições até 2030. No entanto, é possível recorrer da decisão.

O julgamento do TSE analisou a conduta de Bolsonaro durante uma reunião realizada no Palácio da Alvorada com embaixadores, em julho do ano passado, na qual ele atacou o sistema eletrônico de votação. O PDT questionou a legalidade desse encontro.

Após a maioria dos votos ser formada contra o ex-presidente, o julgamento prosseguiu para o último voto, proferido pelo presidente do tribunal, ministro Alexandre de Moraes. Ele acompanhou a maioria ao condenar Bolsonaro por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.

De acordo com o ministro, Bolsonaro utilizou a estrutura pública para atacar o Poder Judiciário e seus membros durante a reunião, além de divulgar informações falsas e fraudulentas para desacreditar o sistema de votação. Entre suas declarações, Bolsonaro insinuou que não seria possível auditar os votos dos eleitores.

“A resposta que a Justiça Eleitoral dará a essa questão confirmará a fé na democracia, no Estado de Direito, no grau de repulsa ao degradante populismo renascido a partir das chamas do discurso de ódio, discursos antidemocráticos e que propagam desinformação, divulgada por milicianos digitais”, afirmou. 

Votos

Após quatro sessões de julgamento, além de Moraes, os ministros Benedito Gonçalves, Floriano de Azevedo Marques, André Ramos Tavares e Cármen Lucia votaram pela condenação do ex-presidente. 

Os ministros Raul Araújo e Nunes Marques se manifestaram contra a condenação de Bolsonaro. Para os ministros, a realização da reunião não teve gravidade suficiente para gerar a inelegibilidade. 

Braga Netto 

Por unanimidade, o TSE absolveu o general Braga Netto, candidato a vice-presidente da República na chapa de Bolsonaro nas eleições de 2022. Todos os ministros entenderam que ele não teve relação com a reunião. O nome dele foi incluído no processo pelo PDT.

2030

Pela legislação eleitoral, Bolsonaro fica inelegível por oito anos e só poderá voltar a disputar as eleições em 2030.  De acordo com a Súmula 69 do TSE, a contagem do prazo começa na data do primeiro turno das eleições de 2022, realizado em 2 de outubro. A inelegibilidade terminará no dia 2 de outubro de 2030, quatro dias antes do primeiro turno, previsto para 6 de outubro.

Recurso

A defesa de Bolsonaro poderá recorrer ao próprio TSE e ao Supremo Tribunal Federal (STF). Três dos sete ministros do TSE também fazem parte do STF e podem participar do julgamento de eventual recurso.

Pelas regras internas da Corte, os ministros que atuam no tribunal eleitoral não ficam impedidos automaticamente de julgar questões constitucionais em processos oriundos do TSE.

Defesa

Na última quinta-feira (22),  primeiro dia de julgamento, a defesa de Bolsonaro alegou que a reunião não teve viés eleitoral e foi feita como “contraponto institucional” para sugerir mudanças no sistema eleitoral.

De acordo com o advogado Tarcísio Vieira de Carvalho, a reunião ocorreu antes do período eleitoral, em 18 de julho de 2022, quando Bolsonaro não era candidato oficial ao pleito presidencial. Dessa forma, segundo o defensor, caberia apenas multa como punição, e não a decretação da inelegibilidade.