UEPB afasta professor após acusações de assédio moral e sexual
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Paraíba

UEPB afasta professor após acusações de assédio moral e sexual

Publicado em 27/11/2023 19h27

O professor Paulo Kuhlmann, acusado por uma estudante da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) de praticar assédio moral contra ela e assédio sexual envolvendo outras alunas do curso de relações internacionais na instituição, foi afastado de todas as suas funções pela universidade. A universidade também iniciou um processo de sindicância administrativa para investigar as alegações feitas contra o professor.

A denúncia surgiu durante a cerimônia de abertura de um fórum internacional realizado no campus V da UEPB, localizado em João Pessoa, onde a estudante, que solicitou anonimato, desempenhava o papel de cerimonialista. O afastamento do professor e a abertura do processo de sindicância são respostas imediatas da universidade diante das sérias alegações apresentadas.

Estudante fez denúncia de assédio por professor durante abertura de evento internacional em João Pessoa, diante da vice-reitora da UEPB, que estava na mesa

O afastamento e a sindicância foram publicados em portarias assinadas pela reitora Célia Regina Diniz, nesta segunda-feira (27).

De acordo com o documento que afasta o professor das atividades acadêmicas ou de qualquer tipo dentro da instituição, o afastamento do investigado é pelo prazo de 60 dias a partir da publicação da portaria e acontece de maneira “cautelar”.

Em relação à sindicância administrativa que foi aberta, mais detalhes não foram divulgados, somente que uma comissão, denominada de Comissão Permanente de Inquérito Administrativo (CPIA) vai apurar as condutas do professor.

A UEPB salientou que a sindicância é um procedimento padrão adotado não apenas nesse caso, mas, em toda denúncia de assédio que chega à ouvidoria da instituição. Sobre o afastamento do docente de forma temporária, a universidade afirmou que é uma conduta tomada para preservar o bem estar da denunciante. A UEPB disse também que vai emitir uma nota com “ações implementadas pela instituição” no que diz respeito ao caso.

O advogado Rômulo Palitot, que representa o professor, afirmou em nota que a sindicância aberta pela universidade não deve ser interpretada como uma condenação definitiva e que trata-se apenas de “medida procedimental para esclarecer os fatos e permitir que todas as partes envolvidas possam apresentar suas versões”.

Além disso, a defesa do professor ressaltou que o cliente “confia plenamente na justiça e está comprometido em colaborar integralmente com as investigações para esclarecer os acontecimentos”.

Resposta da defesa sobre a denúncia

Após as denúncias, a defesa do professor investigado, representado por Rômulo Palitot, disse que tratou a denúncia da estudante como “um comentário totalmente descabido e sem nenhum amparo legal, aproveitando-se da ausência do professor para assacar inverdades”.

Ainda na nota sobre as denúncias, a defesa disse também que desconhece a existência de qualquer procedimento instaurado contra ele. E afirmou que vai tomar todas as medidas cabíveis para “demonstrar a veracidade dos fatos”.

Medidas tomadas pela UEPB

A universidade afirmou, no fim da tarde de quinta-feira (23), que está apurando as denúncias feitas contra o professor de relações internacionais. Segundo nota oficial, o processo está tramitando na ouvidoria desde o dia 31 de outubro, quando o setor foi acionado formalmente.

“Destacamos que em casos de assédio, há uma rotina a ser adotada que exige um prazo maior de tramitação. Inicialmente, são estudadas as medidas cabíveis a serem adotadas. Quando necessário são solicitadas mais informações sobre o caso para uma melhor apuração, incluindo algum tipo de comprovação do relato apresentado”, informou a instituição .

A UEPB ressaltou que a solicitação da comprovação não está relacionada à desconsideração da palavra da denunciante. Mas seria uma medida para evitar que o caso seja arquivado por ausência de provas. A instituição disse também que as outras estudantes citadas procurem a ouvidoria.

“Destacamos que não houve arquivamento ou descaso com a referida denúncia que segue tramitando, assim como outros casos que tiveram solução a partir da ação da ouvidoria da UEPB. A maioria dos casos que nos chegam são solucionados, e em algumas situações, nas quais as denúncias puderam ser comprovadas, houve a punição dos assediadores com penalidades como advertência, suspensão e até demissão de servidores”.

Em nota, divulgada no sábado (25), a advogada que representa a estudante que denunciou os casos de assédio contestou as informações divulgadas pela UEPB. Segundo Regina Coeli, a universidade não admitiu formalmente a denúncia em 31 de outubro, o que levou a estudante a divulgar os fatos publicamente. E disse que o procedimento contra o professor ainda não estaria aberto.