Nicole Silveira do Brasil faz história nas Olimpíadas de Inverno Pequim 2022
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Nicole Silveira do Brasil faz história nas Olimpíadas de Inverno Pequim 2022

Publicado em 12/02/2022 16h52

O recorde não veio. Mas Nicole Silveira pode se orgulhar de um, ainda assim, histórico 13º lugar em Pequim 2022. Neste sábado, a primeira brasileira a competir no skeleton nos Jogos tornou-se a dona do melhor resultado do esporte na América Latina, do Brasil nos esportes de gelo e do segundo melhor do país em Olimpíadas de Inverno, atrás apenas da snowboarder Isabel Clark nona colocada nos Jogos de Turim, na Itália, em 2006.

– Se o meu técnico falasse há quatro anos que eu seria 13ª, eu riria. (…) Nunca me vi estando em uma posição assim. Sempre pratiquei esportes, sempre tive objetivos grandes. Mas nunca desse tamanho. Muito orgulho e gratidão – disse.

Nicole somou 4min10s48 no Centro de Esportes de Pista de Yanqing em sua estreia olímpica. Ganhou três posições da terceira para a quarta descidas, contando dentre outros, com um erro da namorada, a belga Kim Meylemans. A Alemanha levou o ouro com Hannah Neise (4min07s62). A australiana Jaclyn Narracott foi prata (4min08s24), e a holandesa Kimberley Bos (4min08s46) foi bronze.

As descidas de Nicole em Pequim

1ª: 1min02s58 (+0s55)
2ª: 1min02s95 (+0s76)
3ª: 1min02s55 (+1s11)
4ª: 1min02s40 (+2s86)
Total: 4min10s48

Mesmo tendo apenas cinco anos no skeleton, Nicole chegou a Pequim cercada de expectativa pelas seis medalhas de ouro na Copa América e bons resultados em etapas de Copa do Mundo, apontando uma possibilidade real de terminar as Olimpíadas no top 10. Os primeiros treinos no Centro de Esportes de Pista de Yanqing foram ainda mais animadores: chegou a fazer o quarto melhor tempo em uma das descidas, ficando em quinto lugar na sessão.

No skeleton, as sliders fazem quatro descidas, duas por por dia. Os tempos de todas as baterias são somados, e o menor tempo agregado vence. No primeiro dia, ela terminou a soma das duas primeiras descidas em 14º lugar, com um tempo total de 2min05s53.

Nicole Silveira 3 descida skeleton Pequim 2022 — Foto: Adam Pretty/Getty Images

Neste domingo, o primeiro passo era terminar a terceira descida entre as 20 melhores para avançar à final. Como a ordem era de acordo com a classificação até então, a brasileira foi a 14ª a descer no percurso. A pista estava bem rápida e 18 atletas fizeram seus melhores tempos. Nicole foi uma delas, porém cometeu um pequeno erro na curva 2 e outro na transição da curva 10 para a 11. Cravou 1min02s55, com 3min08s08 no somatório, caindo para a 15ª colocação.

Na quarta e última descida, a ordem era invertida pela classificação. Assim, a brasileira foi a sexta a entrar na pista. Fez a melhor das quatro descidas em Pequim, com 1min02s40, somando 4min10s48 no total e perdendo uma posição para a italiana Valentina Margaglio. Na sequência, porém, Nicole ganhou três posições graças a erros de Alina Tararychenkova, do Comitê Olímpico Russo, da chinesa Yuxi Li e da belga Kim Meylemans, namorada da gaúcha, que terminaria apenas na 18ª posição.

O 13º lugar garantia Nicole como dona do melhor resultado da história do Brasil nos esportes de gelo, superando o 19º de Fabiana Santos e Sally da Silva no bobsled feminino em Sochi 2014, e o segundo melhor da história do país nas Olimpíadas de Inverno, batendo o 14º de Isabel Clark no snowboard cross também em Sochi 2014.

Nascida em Rio Grande, no Rio Grande do Sul, Nicole vive em Calgary, no Canadá há 20 anos. Praticou nove esportes diferentes antes de se dedicar integralmente ao skeleton, sendo a pioneira do Brasil nos Jogos agora em Pequim. Como se a rotina de atleta não fosse puxada o bastante, ela trabalha como enfermeira num regime sazonal, com plantões em hospitais nos meses do verão do hemisfério norte.

Dentre as favoritas não houve muitas trocas de posição. Mas a holandesa Kimberley Bos tomou a posição da alemã Tina Hermann e assegurou o bronze, primeira medalha do skeleton holandês na história. Jaclyn Narracott foi prata (4min08s24) e também colocou a Austrália no mapa do esporte, enquanto Hannah Neise assegurou o favoritismo alemão e levou o ouro com 4min07s62.

Alemã Hannah Neise é campeã do skeleton feminino — Foto: Getty Images